terça-feira, 24 de novembro de 2009

ECOS DUCHAMPIANOS


     Se vivo ainda fosse, Marcel Duchamp, por certo, estaria vibrante com os rumos  que toma a contemporaneidade, no que toca ao campo das artes. Já mostramos aqui neste blog alguns  exemplos das atuais concepções de arte.
     Nesta linha notável é a exposição denominada Cuide de Você que ocorreu até domingo passado aqui no MAM (Solar do Unhão- Salvador- Ba), vinda do Sesc Pompéia em SP. Sua autora, Sophie Calle, toma como mote para a sua criação um e-mail no qual o seu namorado, Gregoire Bouillier, rompe o seu affair. Legítimos ecos duchampianos.



     Claro que o objeto da exposição é, não o e-mail, mas a própria autora, as várias interpretações que são dadas por dezenas de diferentes mulheres para aquela carta categórica e aquele homem. Afinal, quem é ele?
     São diferentes formas de ver o outro e de ver as coisas. São inúmeras verdades que se multiplicam na própria e complexa teia das subjetividades humanas imbrincando-se nas luzes dos diversos pontos de vistas. 
     Sophie Calle transcende, desde 1970, quando concluiu o curso de Artes Plásticas, o convencionalismo, enveredando pela fotografia, video e literatura.     
     É uma daquelas pessoas nas mãos de quem qualquer coisa se transforma em arte e para quem a arte não é uma coisa qualquer. Veja, no link a seguir, um pouco do que pensa a própria Sophie. http://www.youtube.com/watch?v=7GiQW6naZg0&feature=player_embedded#
     Somente vendo para perceber a complexidade contemporânea da sua obra. Formidável .

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

CORPORARTE



As possibilidades da arte são, sinceramente, inimagináveis. e cada vez mais os seus limites são alargados. Afinal, o que é arte? Esta questão leitor, não é, pelo menos para mim, das mais simples de responder. Sinto-me dotado de grande incompetência para tal, porém,  qualquer que seja a resposta que você tenha para ela, por certo ao menos tangenciará a perspectiva sontaguiana(ver postagem anterior). Realmente inimagináveis ou, talvez, melhor dizendo  inalcançáveis os limites da arte. Prova disso é a perspectiva de arte na obra da francesa Orlan, do alemão Günther von Hagens  e daquilo que hoje chama de Body Art, Carnal Art e outras denominações.





Para uns é o máximo, é a vanguarda da arte, onde o corpo deixa de ser um mero veículo da contemplação para, efetivamente, ser parte da arte, ou mesmo a arte viva, enquanto outros taxam-na como denominam uma  extrema aberração uma espécie de violência à integridade física, moral e a valores culturalmente entronizados. Como a Arte nunca foi unanimidade fica aqui a constatação de que, cada vez mais, este tipo de manifestação ganha adeptos e é visitada por milhões de pessoas em todos os continentes. Talvez caiba a você, prezado leitor,  dizer o que realmente é arte.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

FRAGMENTO SONTAGUIANO



ARTE NÃO É SÓ HARMONIA

Vejam  quão interessante é o pensamento da Senhora Sontag quando afirma que nós, admiradores da arte, a valorizamos em razão da seriedade e dignidade que apresenta, porque conseguimos alcançar o que ela realmente é e quer ser, o que, talvez, numa linguagem benjaminiana, pudéssemos dizer: alcançar a sua aura.

De outro lado, Sontag  traduz seu pensamento mostrando que a arte pode não ser somente a tragicomicidade grandemente presente na cultura erudita da tradição judaico cristã.



                                                                                          
Há outras formas de manifestação da arte que fogem  deste contorno de arte harmonia. Para Susan há também a arte veículo de temas violentos e insolúveis que apesar de serem um outro tipo de seriedade refulgem a angústia, a ansiedade, a crueldade e mesmo a loucura. São padrões diferentes que revelam uma outra dimensão do humano e que pode ser também uma outra verdade, em síntese, outra sensibilidade válida como ela própria diz. (in Contra a Interpretação, 1987, pg. 331).

CEM ÁGUAS

Um Tributo a Hundertwasser

     Cem águas. É este o significado do pseudônimo deste fabuloso artista cuja obra é mostrada no Espaço Caixa Cultural na Avenida Carlos Gomes. Sinceramente, não conhecia a sua obra além de uma rápida olhada nos volumes da Taschen quando numa dessas passagens apressadas pelo Aeroporto do Galeão, até que fiquei sabendo desta exposição.
     Fui ver e gostei. As cores as formas inovadoras e genuinamente "ingênuas" do artista. Todavia, o que mais me instigou foi o pensamento deste artista pensador, um visionário e como tal um corajoso anti-paradigmatico, anticartesiano, enfim, um corajoso.




     A cidade de Viena reúne algumas das suas obras arquitetônicas de um conceito bastante ousado e que atrai milhões de pessoas a cada ano.

    
     Alguns dizem que de inspiração gaudiniana, porém, percebe-se que a semelhança não resiste a uma olhada mais rápida, não passa da aparência.Sua preocupação é para além da estética é com o homem e a natureza. 

     Um dos grandes desenhos, a Árvore Locatária, é a síntese de tudo isto. 
     Também  interessante a sua concepção acerca das 5 peles do homem. Só vendo.Aproveitem
http://greenapple.ca/blog/2009/07/06/tree-tenancy-the-future-of-roofs/